terça-feira, dezembro 06, 2005

Na véspera da tempestade

A sensação da véspera é que se está num grande feriado, pois todos ficam em suas casas e o diferencial é que as pessoas ficam ligadas aos canais do tempo, noticiários e rádios que possam fornecer informações sobre os perigos e proximidade do furacão.

Para os marinheiros de primeira viagem como eu, resta aquela sensação que se tem ao assistir aqueles filmes épicos de guerra quando um reino consegue saber que o inimigo está a caminho e quanto tempo ele levará pra chegar e invadir o reinado.

Segundo o Weather Channel, o furacão Wilma era esperado por volta das duas da tarde da segunda, porém desde a madrugada haveriam pequenas tempestade e tornados. Por volta das três horas da madrugada, ventos fortes começaram a zunir e se podia escutá-los com intensidade. A partir daí, a tempestade terminou somente na tarde de segunda-feira, um pouco mais cedo e muito mais intensa do que prevista.

Por volta das oito da manhã a energia elétrica caiu e os ventos ficaram assustadores e todos nós achamos que o furacão já havia começado, sem saber que tudo aquilo era apenas uma tempestade de pequenas proporções, principalmente se comparada ao que estava para chegar.

Ventos fortes seguindo uma única direção derrubavam árvores e faziam muito barulho. A partir desse momento, tudo o que podíamos fazer era nos manter dentro de casa e observando as árvores caindo. Depois de um pouco mais de duas horas os ventos cessaram e pudemos sair de nossas casas e observar os estragos provocados pela tormenta inicial.

Eis que estávamos no olho do furacão. A ventania inicial foi a chegada do furacão e o momento de calmaria acontece quando o centro do furacão atinge a região que se está e a área fica protegida por algumas horas, enquanto os ventos que circulam por volta do olho atingem outros lugares.

Conforme o furacão vai avançando, o olho vai se afastando e eis que vem a segunda parte dos ventos e a parte final do fenômeno. Sendo assim, a partir da hora que o olho saiu de nossa região, os ventos voltaram a atingir a área, porém bem mais fortes que os iniciais e com movimentos circulares. Nessa hora, o vento se tornou devastador e ia derrubando tudo o que vinha pela frente.

A pressão da ventania é tão grande que um de nossos companheiros de trabalho, ao tentar abrir a porta de seu apartamento, teve os vidros da porta da varanda estilhaçados pelo apartamento todo, a grade da varanda voou longe, além dele ter a mão machucada na porta. A sua sorte é que nem ele, nem seu amigo que o acompanhava estavam na sala, o que poderia causar seríssimos acidentes.

Em outro complexo de apartamento em Boca Raton, outros companheiros tiveram os vidros do quarto estilhaçado e segundos antes disso, um deles filmava pela vidraça a força do furacão. Para que nada acontecesse, só deu tempo da vidraça trincar, ele se afastar e vidros irem pelos ares.

Depois de mais de uma hora, eis que os ventos foram cessando-se e o que restou foi milhares de árvores, vidros, portas, e letreiros caidos por todas as cidades da região por onde o Wilma passou. Sem energia elétrica, gás e água quente para banho, começou uma a jornada de como viver no caos proporcionado pela tormenta.

Nenhum comentário: