sábado, março 19, 2005

Plantão Médico

A experiência de viver o ER (emergency room) americano
Um dos itens mais importantes numa viagem ao exterior é o seguro de viagem que inclui um seguro saúde caso você precise ir ao médico em caso de emergência.
Aqui nos Estados Unidos, o seguro saúde é importantíssimo já que se quiser ir ao médico, mesmo em casos de emergência, a maioria da população americana tem que pagar, e bem caro. Enquanto o governo americano paga os custos de saúde para um pequeno número de pessoas consideradas quase mendigas, grande parte da população do país tem por obrigação pagar seu seguro saúde para empresas privadas.
Funciona assim: uma pessoa jovem adulta paga em média 150 dólares por mês para ter seguro saúde e visitar o médico em caso de emergência ou não. Muitas empresas americanas oferecem entre os seus benefícios, o seguro ao seus empregados, mas isso nem sempre acontece e pode dificultar muito a vida de um americano que tem filhos e um emprego não muito rentável, ou seja, que ganhe menos de três mil dólares por mês.
Mas por que dificulta tanto? Dificulta porque serviço médico e dentário nesse país é caríssimo. Para se ter uma idéia, uma colega de trabalho ficou doente e passou algumas horas no hospital da cidade e o resultado foi uma conta de 4000 mil dólares por alguns exames simples realizados. É claro que a partir disso, ela procurou a mesma seguradora que nos forneceu o seguro para que resolvesse os custos junto ao hospital visitado, o que está em andamento.
Outro caso aconteceu com outra colega que teve um problema de canal no dente e teria que pagar cerca de mil dólares, porém ela conseguiu pagar a metade disso através de um dentista membro do clube que trabalhamos que se propôs a fazer o serviço por menos. Ela teve que pagar o tratamento porque os seguros saúde viagem geralmente não cobrem problemas dentários, assim, ao sair do Brasil temos que estar com a boca saudável.
Para garantir que não desenbolsaremos quantias como essas, quando participamos de programas de intercâmbio, trabalho ou até mesmo viagem por diversão, há várias companhias que oferecem seguro viagem que em nosso caso de trabalho temporário é obrigatório. Assim, a partir do momento que entramos em qualquer programa de trabalho, sabemos que automaticamente pagaremos o custo do seguro saúde antes mesmo de pensarmos em embarcar para o exterior.
Bom, mas para realmente viver essa experiência e contá-la com precisão, nada(melhor) pior do que ficar doente e infelizmente, isso aconteceu comigo na sexta-feira, dia 10/03/05. Sendo assim, segue abaixo o relato de uma visita ao West Boca Hospital aqui em Boca Raton.


Sentindo na pele

Com alguns sintomas e dores no peito que haviam começado na noite anterior, logo pela manhã resolvi ir ao médico pois já estava preocupada com a minha situação. Assim, liguei no departamento de recursos humanos da empresa e solicitei algumas informações sobre qual deveria ser meu procedimento frente ao problema.
Fui instruida a ligar para a motorista de taxi que presta serviço para a empresa e em seguida liguei na seguradora para saber o que fazer. A atendente me fez as perguntas pessoais normais para identificação e me indicou o hospital no qual deveria ir. Logo em seguida fui transferida para um homem um pouco ríspido que deixou claro quais seriam os exames que eles não cobririam e ainda sugeriu que eu já havia solicitado uma visita ao hospital porque o meu sobrenome já tinha havido passado por ele. Oliveira??? Claro que sim! Esse é uns dos nomes mais comuns de meu país, retruquei sem resposta.
Liguei para o taxi e logo uma senhora aparentando uma americana bem típica chegou e seguimos para o hospital cerca de vinte minutos de minha casa. A atendente foi seca e objetiva mas em pouco tempo eu estava em uma salinha sendo avaliada, respondendo a perguntas e fazendo o exame eletrocardiograma. Fui para espera e passei cerca de uma hora até entrar para o pronto-socorro que visualmente é igual ao brasileiro, porém tudo bem limpinho, novo e no lugar.
Ao deitar-me, e colocar aquele avental moda hospital chega o trio da alegria. Três médicos e enfermeiros com um aparelho gigante que tira raio-x do tórax. Me fazem uma série de perguntas e vamos lá...X...”done”...até aparecer um médico e fazer mais milhares de outras perguntas e, finalmente uma enfermeira com uma agulha que retirou todas as reservas de sangue que eu tinha pelos próximos dois anos. Depois de mais algumas horas, dormindo, acordando ansiosa pelo resultado e trocando de companheiras de quarto, já que a inicial tiraram e logo aparece três bombeiros trazendo uma outra senhora que havia caído da cama, aparece o médico com o resultado e a liberdade.
Uma infecção, uma virose era o grande problema e me resultou em quatro dias de molho, ou seja, sem trabalho e por consequência sem dinheiro, e ainda uma conta de 70 dólares em remédios mais 50 da taxa de uso do seguro (já foi pago no Brasil), mas que toda vez que é acionado tem que ser pago.
Digamos que foi um dia diferente até demais e apesar de passar o dia todo no hospital sozinha, o que é deprimente, recebi algumas visitas em casa, o que me alegrou muito. O ER estava bem movimentado, mas nada comparado a um pronto-socorro brasileiro. Mary foi a personagem do lugar pois era uma enfermeira serena e afável. As atendentes foram frias e profissionais enquanto os demais enfermeiros e médicos foram objetivos mas sem perder a piada (americano de mania de fazer brincadeiras com tudo).
Mas toda essa primeira impressão ainda não era o fim e a avaliação final de como funciona um hospital na terra do tio Sam. Ainda tinha muito mais por vim e...


O momento de terror e decepção

...tudo seria perfeito e eu poderia dar ótimas recomendações dos pronto-socorros americano, mas, o pior ainda estava por vir.
Quatro dias de folga forçadas e o médico pediu para que eu retornasse caso sentisse dor ou em três dias depois de começar a tomar meus remédios, para uma avaliação.
Cheguei na sala de espera e após a triagem aguardei suaves e tranquilas cinco horas até desistir e voltar pra casa sem ver a cara do doutor. Do tempo que cheguei e fui embora vi de tudo um pouco...gente reclamando do tempo da espera, gente desistindo como eu, e até uma moça quase chorando de dor e solicitando uma maca pra se deitar enquanto a atendente respondia com toda sua frieza que ela teria que ficar sentada até que fosse liberada uma maca lá dentro o que nunca poderia acontecer.
Paciência, está lotado, não posso fazer nada, dizia.
Lembrou daquele mal momento que você ou algum parente já passou num hospital público brasileiro? Que bom, porque tudo isso que você pode passar pagando impostos no Brasil, aqui nos Estados Unidos eles passam e pagam bem caro por isso...quer trocar? Será um negócio da China já que as condições serão quase as mesmas só que aqui é bem mais caro.
No final de tudo e a caminho e casa lembrei-me da taxista que me levou na segunda visita ao hospital. Ela mora há cerca de vinte e cinco anos aqui na Flórida e passou a primeira outra metade da vida dela em Nova Iorque. Segundo ela, o tempo médio de espera em um hospital novaiorquino chega ser de mais de oito horas. Ela disse que eu tive muita sorte na minha primeira visita, já que esperar pouco é anormal, mesmo numa cidade pequena com uma população de 74,764* habitantes como Boca.


Fonte:
*http://www.ci.boca-raton.fl.us/econ/index.cfm
*http://factfinder.census.gov/servlet/QTTable?_bm=n&_lang=en&qr_name=DEC_2000_SF1_U_DP1&ds_name=DEC_2000_SF1_U&geo_id=16000US1207300

Um comentário:

Anônimo disse...

Vivis!!!!!!!!!
Saudade de vc, garota!!!!!
Não fiquei muito surpreso com o que vc contou sobre o atendimento médico nos EUA, já que meus amigos de Los Angeles disseram a mesma coisa!!!! E que, de fato, é muito caro!!!!!
Entra mais no msn! precisamos conversar!
Bjos
Turollo